É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um ficha suja mudar.

Na política brasileira, é raro o político que não tenha processos. Principalmente os que atuam no executivo. Mas é verdade também que os que tem processos, quase nunca têm apenas um processo – em geral são muitos processos, improbidade administrativa, corrupção entre outros.

E uma vez processado com provas e depois inocentado, pode esperar: vai acabar sendo processado de novo, porque a desonestidade e a corrupção são quase como vícios.

Em Sete Lagoas, cidade de porte médio lá nas Minas Gerais, um candidato que já foi prefeito sofreu diversos processos em apenas dois anos. E agora está de novo com as barbas de molho. Dessa vez, parece que não vai ter saída. Vamos aguardar porque se ele for eleito, passa a ter direito a forum especial – e aí ninguém sabe no que vai dar.

A denuncia envolve uma trama que renderia até um roteiro de filme sobre o que pode rolar nos  bastidores da política.

As informações são do Estado de Minas.

Lava Jato prende Ex-Ministro Guido Mantega durante 7 horas

O ex-Ministro da Fazenda Guido Mantega foi preso na última quinta-feira, dia 22, em nova fase da Operação Lava Jato. Ele estava no Hospital Albert Einstein acompanhando a esposa, que passava por cirurgia.

A Polícia Federal se moveu sob indícios de que Guido estava diretamente envolvido em esquema com empresa que negociava o repasse de verbas para o PT, que buscava saldar dívidas de campanha.

Mantega foi citado por Eike Batista, que afirmou ter sido procurado pelo ex-Ministro para pagar R$5 milhões ao PT, ainda em 2012.

Sete horas depois, o Juiz de primeira instância Sérgio Moro revogou a ordem de prisão.

As informações são do G1.

A CPI do Narcotráfico e as Eleições de 2016

Cidades de todos os portes vivem no Brasil um risco oculto que vai muito além da possibilidade de velhos corruptos voltarem triunfantes ao poder. Esse risco é de proporções muito graves, pois é sabido – embora velado pela conivência corporativa de proteção mutua entre a corrupção e o crime organizado.

O Rouba Mas Faz Nunca Mais está novamente de olho e colocando o dedo na ferida. Questionando e provocando a reflexão de eleitores de todo o país. Alertando sobre a montanha de dinheiro que o crime organizado – mais especificamente, o tráfico de drogas – está colocando em campanhas pelo país a fora, através de seus representantes políticos.

Em geral, escolhem novatos populistas e apostam alto. Jogam suas fichas em cidades pelo país inteiro. Nenhum município com mais de 30 mil eleitores está livre desse risco.

Quase sempre, esses elementos estão blindados pela aviltante e nefasta imunidade parlamentar. Chegam com as malas, articulam doações oficiais e preparam o terreno para fazer de pequenas e médias cidades os entrepostos de suas atividades criminosas. 

Os eleitores devem tomar muito cuidado. Quando surge algum rumor, é melhor investigar e verificar a veracidade dos fatos. Na dúvida, deve prevalecer, no mínimo, a verificação. Prevenir é o melhor remédio. Nesse caso, a informação deve ser buscada em todas as fontes. A CPI do Narcotráfico é uma delas.

A questão do tráfico de drogas é o maior problema do país e tem reflexos terríveis na segurança pública – morte de jovens, aumento da marginalidade, desrespeito, agressão a professores, vandalismo nas escolas, cooptação de adolescentes e jovens pelo tráfico.



O mais grave é que o crime organizado, ao eleger prefeitos de cidades do interior, criam uma geração de quadros políticos que acabam sem pulso, sem força. Ficam nas mãos dos seus financiadores. 

Os prefeitos eleitos com esses recursos e apoios políticos assumem sem autoridade moral. Sem legitimidade para combater o crime organizado. Os eleitores e as cidades, vitimas de erros de escolha e consciência desse calibre, correm o risco de comprometer várias gerações. 

Cuidado, brasileiros. Eles estão por todos os lugares. A marca desses politicos é a sede com que avançam ao pote. Discursos agressivos e inflamados contra a corrupção em apoio aos seus possíveis futuros prefeitos.
Deus proteja a sua cidade desse mal, mas tenha consciência: A responsabilidade é de cada cidadão. Quem sentir o cheiro desse risco, não pode e não deve ficar de braços cruzados. Tem a obrigação de agir e denunciar – inclusive ao TRE e à Policia Federal.

Condução Coercitiva de Lula traz ainda mais dúvidas

Algumas coisas pululam com a condução coercitiva do ex-Presidente Lula, no mês passado, como parte da Operação Lava Jato.

A maior delas diz respeito à zona cinzenta de que ou Lula, de fato, não sabia do que se passava nos bastidores da cúpula liderada por ele; ou foi mais esperto do que todos os envolvidos e se salvaguardou de forma que o "não é possível que ele não saiba" permanecesse ecoando nas caixas ocas localizadas entre os ombros de empresários, senadores, deputados, governadores e prefeitos.

Se não sabia de nada, podemos dizer que se trata de um Viramundo, mentecapto ingênuo, um Sassá Mutema da vida real. Se sabia de tudo, mas soube manobrar até se tornar intocável, é um gênio. Um Charlie Chaplin da corrupção. Um maestro da sujeira que conseguiu se tornar a maior figura política do país enquanto deixava para trás um rastro de escândalos, como saciando sede de vingança.

Vai saber...

Juiz autoriza condução coercitiva de Lula para prestar depoimento
Condução coercitiva foi decidida para evitar tumulto
Moro justifica condução coercitiva
A condução coercitiva foi legal?

Esquema da Petrobrás é o maior da história da República - tanto que não sabemos seu tamanho real

59 bilhões de Reais. Este é o valor (até agora) do rombo causado pelo esquema de corrupção na Petrobrás. É tão grave que nem mesmo os grandes veículos da mídia são capazes de minimizar quaisquer que sejam os lados que os beneficiem. Se corrermos os olhos sobre as notícias e dados, percebemos rapidamente que não há uma sigla sequer que não contenha ao menos um suspeito de envolvimento.

Me remete à campanha "O Petróleo É Nosso", cujo bordão fez a frente para Getúlio Vargas no final da década de 1940. Se nos atemos aos fatos, puros e simples, sim: produzimos muito petróleo e foi bom termos criado uma empresa que tomasse conta disso. Mas agora, quase 70 anos depois, somos levados a reler esse bordão com algo mais, como se a folha estivesse dobrada por trás das palavras, ocultando o restante da frase – "e vamos fazer o que quisermos".

É dinheiro demais para cair em apenas um bolso. Quando é o caso, normalmente todos sabem quem é essa pessoa (eg. Muammar Kadafi). Quantias dessa ordem, quando "desaparecidas" dessa maneira, tendem a ser pulverizadas de forma que cada "migalha" esteja guardada em um lugar onde permaneça a render.

O que temos é um caso clássico de quando é mais fácil dizer quem não está envolvido. Aliás, "menos difícil" é uma expressão mais adequada. Claro que agora temos a deflagração do esquema. Claro que temos envolvidos que infelizmente, já são velhos conhecidos.

Entretanto, se pensarmos na exaltação ao petróleo na década de 1940 e no senso de orgulho e grandiosidade por ele imbuído em nossa cultura, acabamos acometidos por alguns questionamentos quanto a verdadeira origem dessa semente de destruição. Se fôssemos punir literalmente todos os envolvidos no esquema da Petrobrás, quantos cadáveres teriam de ser exumados e enterrados em um presídio?

Com informações do Congresso Em Foco

De 322 para 434: Lista da 'ficha suja' é atualizada

Se lembra dos 322 candidatos que exigem muita muita atenção?

Pois bem. Quatro anos se passaram.
Agora são QUATROCENTOS E TRINTA E QUATRO.

Peço perdão pelo uso de caixa alta, mas... não há outra maneira. São 28 novos candidatos com ficha suja por ano. Neste ritmo, até 2020, serão 602. E estamos falando apenas dos que não conseguiram driblar a exposição de sua sujeira por meio de manobras escusas.

Confira aqui os nomes, separados por Estado. Aliás, exceto Alagoas, cujo MP não forneceu informações.

AcreAlagoas (não forneceu informações)
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
MaranhãoMato GrossoMato Grosso do Sul
Minas Gerais

Pará
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Piauí
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul

Rondônia
Roraima
Santa Catarina
São Paulo
Sergipe
Tocantins

Lista fornecida pelo Congresso Em Foco

José Genoíno renuncia mandato na Câmara

O ex-Presidente Nacional do PT, José Genoíno, condenado e preso por envolvimento no Mensalão, enviou ao Presidente da Cãmara André Vargas uma carta de renúncia ao mandato na última terça feira, dia 3. A cassação do mandato seria adiada por força da licença resultante da prisão domiciliar de Genoíno, mas findou ocorrida. Quando o placar favorecia à cassação, Vargas apresentou a carta de renúncia.

A informação é do UOL Política.

Quatro são presos por desvio de verbas na Prefeitura de São Paulo

Quatro auditores ligados à subsecretaria da Receita na Prefeitura de São Paulo foram presos na última quarta-feira, acusados de envolvimento em esquema de desvio de verbas que teria resultado em rombo de R$200 milhões aos cofres nos últimos três anos. Os funcionários atuaram durante a gestão do ex-Prefeito Gilberto Kassab.

As informações são do iG Último Segundo

Contraste e nitidez

Enquanto o sentimento de "tudo farinha do mesmo saco" sempre correu como um lençol freático sob a fundação do engajamento político brasileiro, é fato que o cinismo do brasileiro em relação à política do país ficou mais nítido nos últimos três anos. O motivo foi a entrada de cabeça, coração, corpo e alma na Era Digital.

Foi através da internet que os protestos recentes se tornaram um retrato nítido da noção reformulada que o Brasil tomou da própria estafa. Claro, em outros tempos, houve protestos tão grandes quanto os atuais. Muitos deles, por motivos ainda mais gritantes. Mas neste século 21, de repente, não estávamos mais sozinhos diante de nossos computadores. Não resumíamos mais as discussões acaloradas a mesas de bares, salas de aula e onde mais quer que fosse.

A natureza generalizada dos protestos pode e deve ser entendida como algo positivo em sua essência. Contudo, existe uma outra faceta colocada em relevo com a erupção de instatisfação pela qual passamos: o desespero. O sentimento de perdição abjeta que toma conta de quem se acomete do fato de que não há bons exemplos. A frustração de quem decide fazer uma reclamação ao síndico do prédio apenas para descobrir que não apenas não há síndico; como a fundação do prédio está completamente corroída.

A identificação interpessoal genuína e tangível que permeou a vida do brasileiro pré-internet se perdeu com a estratificação individualista que baseia o ambiente online. Contudo, foi reencontrada por meio da constatação de que, alfim e ao cabo, estamos perdidos. Não conseguimos ter identificação com nada ao nosso redor. Então pra que diabos sediar uma Copa do Mundo? Que diferença fará votar daqui um ano e meio?Não gostamos nem um pouco dessa constatação.

Não é que não haja boas ideias. Continuamos admirando a iniciativa da Lei Ficha Limpa. Mas ao mesmo tempo que é louvável, acabou por explicitar a profundidade do problema que enfrentamos. Desnudou por completo o contraste entre a consciência de que mudar é necessário e a completa ausência de uma direção pela qual começar. Permanecemos vulneráveis a tudo que se pareça minimamente com uma solução. Suscetíveis a nos distrairmos com tudo que se pareça minimamente com um culpado.

Ter consciência da situação não a resolve, mas é o melhor que podemos ter no momento.
© "Rouba, mas faz" nunca mais!
Maira Gall