TUMA JR É EXONERADO


Tuma Júnior é exonerado do cargo de secretário nacional de Justiça

LUCAS FERRAZ


O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, afirmou nesta segunda-feira que só vai deixar o cargo após a publicação de sua exoneração no "Diário Oficial".

Dizendo-se "amargurado", ele afirmou ser "vítima de uma monstruosa injustiça" e que "há um componente político para atingir" ele e o seu pai, o senador Romeu Tuma (PTB-SP).

Suspeito de envolvimento com o chinês Li Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de contrabando, Tuma foi exonerado pelo Ministério da Justiça nesta segunda-feira. Ele estava de férias e retornou hoje ao trabalho.
Jamil Bittar/Reuters

Tuma disse que, das apurações em curso, não ficou evidenciado nada contra ele. "Estou sendo vítima do crime organizado, da mesma máfia que combato há 30 anos", disse ele, que é delegado licenciado da Polícia Civil de São Paulo. "Estou incomodando muito gente e sou vítima de uma covardia política", completou ele, sem citar nomes.
Ele afirmou que tomou conhecimento de sua exoneração por meio da imprensa, após o Ministério da Justiça divulgar uma nota. Ele criticou ainda os "problemas de comunicação" da assessoria do Ministério da Justiça que, segundo ele, "administrou mal a crise".

Segundo o Ministério da Justiça, estando fora do cargo, Tuma Júnior poderá melhor promover sua defesa no caso.

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, encaminhou hoje ao Planalto o ato de exoneração. Tuma Júnior responde a três procedimentos apuratórios junto à Comissão de Ética da Presidência da República, junto ao próprio ministério e à Polícia Federal.

Em nota, o ministério destaca os "relevantes trabalhos" prestados por Tuma Júnior à frente da Secretaria Nacional de Justiça.

Investigação da PF mostra que há suspeitas de que o secretário ajudou Paulo Li a regularizar a situação de imigrantes ilegais e interveio para liberar mercadoria apreendida. Nas gravações, Tuma Jr. trata da compra de um celular e de videogame. Li foi assessor de Tuma Jr. quando ele era deputado estadual.

Paulo Li

A prisão do chinês e de mais 15 pessoas ocorreu em setembro de 2009, após a PF deflagrar as operações Wei Jin (em chinês, trazer mercadoria proibida) e Linha Cruzada. Juntas, as duas operações tinham o objetivo de combater o contrabando de mercadorias e o vazamento de informações sigilosas, desarticulando uma quadrilha especializada no contrabando de celulares falsificados chineses.

De acordo com a PF, além de Paulo Li, a organização era integrada por despachantes aduaneiros, lojistas, gráficos, um ex-oficial do Exército Brasileiro e até mesmo um ex-membro do Serviço Secreto do Chile. Na época, a PF acusou "um conhecido mestre de Kung fu" de ser um importante membro do grupo, responsável por movimentar mais de R$ 1 milhão mensais revendendo os aparelhos que recebia da China.

Além de ter sido instrutor de Kung fu de Tuma Júnior, Paulo Li deu aulas na superintendência paulista da PF quando o pai do secretário, o atual senador Romeu Tuma (PTB-SP), era superintendente do órgão.

O jornal "O Estado de S. Paulo" publicou uma matéria apontando a ligação de Tuma Júnior com Li. Em uma conversa telefônica gravada pela PF, ele pergunta ao chinês se um jogo eletrônico contrabandeado estaria à venda na avenida Paulista, em São Paulo.

Ainda segundo o jornal, a PF também teria encontrado indícios de que Tuma Júnior auxiliou Paulo Li a regularizar a situação de chineses que viviam clandestinamente em São Paulo.

À Agência Brasil, contudo, a assessoria da PF se limitou a informar que o secretário não foi investigado e que suas conversas com Paulo Li só foram gravadas porque os telefonemas do chinês estavam sendo monitorados com autorização judicial. 

 (Com informações da FOLHA)

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