Jucá e o “ficha limpa”

Romero Jucá  responde a dois processos no STF

R. FLAUSINO* 

O projeto “ficha limpa” tem ganhado adeptos e defensores todos os dias. Uns mais legítimos. Outros nem tanto. No último grupo podemos listar o líder do governo no Senado, senador Romero Jucá, do PMDB. Hoje ele disse que tem emendas para apresentar ao projeto. No ponto em que o texto está, qualquer alteração que ele sofrer necessariamente fará com que  volte à Câmara dos Deputados. Jucá nega que suas emendas sejam um artifício usado para retardar a votação final da matéria.  

O projeto está  na pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado para ser votado quarta-feira, dia 19 de maio. Romero Jucá disse ser favorável à matéria, mas que ele precisa ser “melhorado”. O senador também disse que não teme o projeto. Não sei se ele age prudentemente, ou se é otimista. Sua Excelência é réu em dois processos que correm no Supremo Tribunal Federal - STF. O primeiro é o inquérito 2116, protocolo 2004/38724, que entrou no STF em 13.04.2004, por crimes de responsabilidade. O segundo é o inquérito 2663, protocolo 2007/198501, que entrou no Supremo em 06.12.2007. Nele, Jucá é acusado de crime eleitoral, captação ilícita de votos ou corrupção eleitoral. O processo está parado desde junho de 2009. 

Romero Jucá  diz que todas essas acusações contra ele são ridículas, que está tranquilo e que será absolvido. “Não devo e não temo”, diz. Sei. Bom amante do Estado Democrático de Direito, em relação aos processos que responde no STF, dou ao senador o benefício da presunção de inocência. Mas o que não posso admitir é que ele mangue da nossa inteligência e dispense o auto senso do ridículo. Não acredito em sua boa vontade sobre o ficha limpa e, para mim, as emendas de Romero Jucá atendem única e exclusivamente ao objetivo de protelar a votação final do projeto.
 
*R. FLAUSINO é jornalista.

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