O dinheiro que trilha os caminhos da corrupção falta nas políticas públicas
O que acontece na vida pública no Brasil – os inúmeros casos de corrupção, de sonegação, lavagem de dinheiro e de levar vantagem em tudo – é o reflexo de nosso caráter (ou da falta dele). E tudo começa em casa. Há muito tempo, perdeu-se o respeito pelos mais velhos, pelos pais, pelos irmãos e mais próximos. Essa onda se estendeu pra rua e ganhou os ambientes públicos e vice-versa. Na escola, na via pública, no ônibus, no supermercado, no hospital, em qualquer lugar, vale uma simples ordem: primeiro o meu.
E o pior é saber que o “jeitinho”, a corrupção, o “rouba, mas faz” e a “Lei de Gérson” são situações cada vez mais toleradas pela sociedade. Toleradas e, muitas vezes, incentivadas. Age-se assim por não entender a gravidade desses tipos de crimes. Sim, levar vantagem em tudo, dar um jeitinho são práticas de crimes. Contra a honra, contra a sociedade, contra os valores éticos e morais.
É preciso mudar isso e aprender a não compactuar com situações que promovam a violência. Os crimes contra a ética, a economia e a gestão pública não são violentos por si, mas suscitam a violência. O dinheiro que trilha os caminhos tortuosos da corrupção, que sai pelo ralo, pelo caixa dois, é o mesmo que falta na aplicação em políticas públicas e aumenta, proporcionalmente, a fila nas unidades de saúde – pois faltam medicamentos, médicos e equipamentos -; prolonga os problemas de infraestrutura, de falta de saneamento básico, de segurança.
No Brasil, quando os casos chegam à Justiça, há sempre uma tendência de beneficiar o infrator, principalmente nos casos de corrupção, lavagem de dinheiro e apropriação indébita. Pessoas publicamente acusadas de desviar milhões são punidas com prisões domiciliares, trabalhos comunitários e cestas básicas. Mas, e o dinheiro desviado? Ora, basta desviar o dinheiro e, se for pego, tem o nome minimamente exposto, paga-se algumas cestas básicas e fica por isso mesmo. É lucro.
Atualmente, política está ligada à corrupção, ao nepotismo, egoísmo, ganância, poder pela força, mentiras. Quando será o tempo que política se ligará à honestidade, verdades, lealdade, fraternidade, caridade, cristandade?
Avista-se uma luz no fim do túnel com alguns recentes exemplos, como a prisão e sustentação na cadeia por alguns dias do ex-governador Arruda, em Brasília, mas é preciso frisar que isso ainda é muito pouco. Deu-se o primeiro passo, mas faltam muitos outros. Inclusive dentro de casa.
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